segunda-feira
21 de fevereiro
2022
No dia 21 de fevereiro de 2022, em meio à cobertura inesgotável da pandemia de covid-19, um novo acontecimento de relevância mundial irrompeu nas primeiras páginas dos jornais. Naquele dia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou reconhecer a independência dos territórios separatistas ucranianos na região do Donbass, as cidades de Donetsk e Lugansk. Poucos dias depois, a ação militar russa começou no país, sob o pretexto de “defender” os territórios da violência ucraniana.
A invasão começou com ataques aéreos em todo o território, incluindo a capital, Kiev, e com a entrada de forças terrestres ao norte, leste e sul, de acordo com guardas das fronteiras ucranianas. Em um discurso realizado na madrugada do dia 24 de fevereiro, Putin afirmou que “vamos nos esforçar para alcançar uma desmilitarizaração e uma desnazificação da Ucrânia”. O ataque dava continuidade a uma política de expansão já conhecida pelos periódicos com a anexação da Crimeia, antes também parte da Ucrânia, em 2014. Com o reconhecimento das autodeclaradas repúblicas do leste ucraniano, o temor era de que a crise na região levasse a um conflito mais mortal do que houve no continente europeu nos anos 90 na Iugoslávia, e a notícia foi manchete imediata em vários jornais nacionais e internacionais no dia seguinte.
No carioca O Globo, a parte sobre a dobra da primeira página do jornal foi inteiramente dedicada ao fato. Logo abaixo do cabeçalho, uma fotografia horizontal ocupou toda extensão da página, e, segundo a legenda, mostrou “o presidente Putin em reunião com o Conselho de Segurança Nacional, transmitida pela TV. Encontro referendou decisão de reconhecer independência de áreas controladas por separatistas pró-Moscou no Leste da Ucrânia”. Após a imagem, à esquerda, a manchete do dia: “Putin envia tropas à Ucrânia e agrava crise”, com um pequeno parágrafo sobre a declaração do presidente de independência das repúblicas de Donetsk e Lugansk e uma fotografia de soldados ucranianos próximos à fronteira com a Rússia. À direita, uma chamada para uma análise realizada por Filipe Barini no interior do jornal sobre a reação mundial, com o título “Biden [presidente dos Estados Unidos eleito em 2020], ONU e Europa reagem a ‘violação’”.
Na Folha de S.Paulo, o destaque ao fato foi mais enxuto e com um tom mais ameno. Acima da dobra, a manchete foi “Putin reconhece separatistas na Ucrânia e envia tropas de apoio”, a opção por esse jogo de palavras, principalmente pela expressão “tropas de apoio”, desenha o acontecimento como mero processo diplomático. Cinco pequenas colunas de um parágrafo acompanharam o título em que o tom é o mesmo e começa com: “O presidente russo, Vladimir Putin, declarou que reconhece as regiões rebeldes da Ucrânia como repúblicas independentes e ordenou o envio de tropas do Kremlin para apoiar os separatistas (…)”. Na última coluna, o jornal traz um breve resumo do posicionamento do governo brasileiro, sob presidência de Jair Bolsonaro: “Até a conclusão desta edição, o governo brasileiro não havia se pronunciado. Em visita a Moscou na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse a Putin que o Brasil era ‘solidário à Rússia’, o que atraiu críticas da Casa Branca”.
No nova-iorquino The New York Times, um dos jornais de maior destaque dos Estados Unidos — país historicamente antipático à política russa, especialmente durante e após a Guerra Fria (conflito que se iniciou com o fim da Segunda Guerra Mundial e se desenrolou durante quase toda segunda metade do século XX) —, toda área acima da dobra foi ocupada por matérias sobre a invasão russa, assim como no Globo. No alto da página, a manchete da edição foi “Putin orders forces into Eastern Ukraine” (“Putin envia forças para o leste da Ucrânia”, em tradução livre para o português), em seguida, uma fotografia que ocupou quatro colunas mostrou uma senhora em um abrigo na região ucraniana sob ataque. Outras duas notícias apareceram sobre o acontecimento: a primeira, logo abaixo da fotografia, com o título “Inside the White House’s race to prevent an invasion by Russia” (“Por dentro da corrida da Casa Branca para evitar uma invasão da Rússia”, em tradução livre para o português), e a segunda, do lado direito, ocupando duas colunas de texto com uma pequena imagem do presidente russo ao fim, tem como título “Fiery speech claims nation as part of Russia and hints at wider aims” (“Discurso inflamado reivindica território como parte da Rússia e sugere objetivos mais amplos”, em tradução livre para o português).
Outros jornais deram destaque à sua maneira ao fato, muitos seguindo o padrão dos três jornais mencionados: manchete no alto da página e parte sobre a dobra dedicada às informações mais recentes do início de um conflito que se somou à crise provocada pela pandemia de covid-19 e ainda ressoa. No baiano Correio, a primeira página do jornal deu espaço a uma capa com o título “Rússia envia tropas a territórios separatistas na Ucrânia” sobre uma fotografia que mostrou soldados ucranianos “ao longo de trincheiras escavadas na região de Donetsk”. No uruguaio El País, a notícia apareceu timidamente à esquerda, ocupando duas colunas, com a manchete “Putin reconece a separatistas y envía tropas al este de Ucrania” (“Putin reconhece separatistas e envia tropas ao leste da Ucrânia”, em tradução livre para o português) com uma única coluna de texto e uma pequena fotografia de perfil do presidente russo. E, por fim, o jornal francês Le Monde afirmou, dramático: “Ukraine: derniére chance pour la diplomatique” (“Ucrânia: última chance para a diplomacia”, em tradução livre para o português).
Créditos:
Texto: Francielly Barbosa
Edição: Pedro Aguiar
Fontes:
RÚSSIA de Putin invade a Ucrânia. UOL Notícia. 2022. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2022/02/24/russia-de-putin-invade-a-ucrania.htm. Acesso em: 31 jan. 2023.
RÚSSIA invade Ucrânia: fortes explosões atingem capital; invasão deixa ao menos 137 mortos. BBC News Brasil. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60503097#:~:text=%22Putin%20lan%C3%A7ou%20uma%20invas%C3%A3o%20em,legisla%C3%A7%C3%A3o%20vigente%20at%C3%A9%20em%20ent%C3%A3o. Acesso em: 31 jan. 2023.
Outros links:
RÚSSIA invade a Ucrânia: veja quem condena Putin, quem está do lado dele e quem está ‘em cima do muro’. g1. 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/02/24/russia-invade-a-ucrania-veja-a-posicao-de-paises.ghtml. Acesso em: 31 jan. 2023.
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