sexta-feira
1 de fevereiro
1974

 

Folha de S.Paulo
O Estado de S.Paulo
O Globo

Em uma sexta-feira comum de 1974, as pessoas que transitavam pela movimentada Avenida Nove de Julho, em São Paulo, viram labaredas incontroláveis de fogo subirem aos céus. O incêndio no Edifício Joelma, no Vale do Anhangabaú, começou por volta das 8h50, após um curto-circuito no sistema de ar condicionado do Banco Crefisul, que ocupava parte do edifício. O prédio era uma construção recente, inaugurado há três anos no número 225 da avenida, com 25 andares, sendo dez garagens. 

 As chamas começaram no 12o andar e tomaram conta do edifício com velocidade, alimentadas por carpetes, móveis de madeira, cortinhas de tecido e outros materiais infamáveis nas salas. Não havia escadas de incêndio ou heliporto para facilitar o resgate. O fogo continuou por horas e levou à destruição 14 andares, deixou 187 mortos e mais de 300 feridos. Tomadas pelo desespero, algumas pessoas fugiram para o terraço e morreram carbonizadas, outras caíram ou se jogaram pelas janelas na tentativa de escapar das chamas. O incêndio na esquina da Avenida Nove de Julho com a Rua Santo Antônio aconteceu apenas dois anos após a tragédia do edifício Andraus, a cerca de 1,5 km de distância, em 24 de fevereiro de 1972, que deixou 16 mortos e mais de 300 feridos. Esse era, até então, o maior incêndio da história da cidade de São Paulo. 

No dia seguinte, a tragédia do Edifício Joelma foi manchete nos principais jornais do estado. Em sua primeira página do sábado, a Folha de S.Paulo dedicou todo espaço gráfico ao fato. A manchete foi enfática: “A tragédia sobre a cidade”, logo abaixo do cabeçalho, seguida de uma fotografia mostrando corpos sem vida que ocupa toda largura sobre a dobra, acompanhada da longa legenda “SEM SAÍDA. O terrível cenário que os bombeiros encontraram depois do incêndio, no topo do edifício ‘Joelma’. Aqui não houve tempo de chegar o socorro do helicóptero, e de qualquer modo as chamas não permitiriam o resgate. Mesmo resistindo ao pânico e ao impulso de se atirar à rua, eles pereceram, queimados ou sufocados pela fumaça. Esta parte do edifício fica de frente para a praça da Bandeira e foi aquela que queimou mais violentamente, até o alto”. Outras quatro fotografias preencheram o lado esquerdo da página, ilustrando o resgate e, ao lado direito, o sucinto título “Nas cinzas do ‘Joelma’, 185 mortos” acompanha uma coluna de texto com 10 pequenos parágrafos que resume as horas em que o prédio esteve consumido pelas chamas.

A edição do dia d’O Estado de S.Paulo optou por um visual semelhante à Folha, como os dois jornais já fizeram em muitos outros momentos. Abaixo do cabeçalho, a manchete escolhida para ocupar toda largura da página foi “171 morrem no incêndio” — o total de mortes confirmado depois seria 187, 16 a mais do que divulgado pelo jornal. O espaço restante da página, assim como no jornal anterior, foi dividido em duas colunas. A primeira, com quatro fotografias sem legenda, duas horizontais e duas verticais, mostrando a equipe de bombeiros tentando atenuar o fogo com mangueiras e usando escadas para resgatar os sobreviventes do edifício em chamas. A segunda, uma coluna com quatro parágrafos de texto descrevendo o ocorrido. Ao fim da coluna, o jornal anuncia que a notícia sobre “o incêndio está nas páginas 10 a 21”, o Estadão dedica 11 páginas à tragédia no corpo da edição.

Jornais de outras regiões do país também deram a notícia com menos ou mais intensidade. No alagoano Gazeta de Alagoas, o título dramático “São Paulo parou e chora seus 185 mortos” divide o destaque da página com a sub-manchete, dessa vez voltada para o estado, “Público alagoano empolgado com o clássico CSA e CRB”. A notícia sobre o incêndio no Edifício Joelma veio sobre a dobra, com quatro fotografias pequenas, se comparadas às dos jornais paulistanos, e um pequeno parágrafo de texto entre as fotografias. O Globo, do Rio de Janeiro, e O Povo, do Ceará, também noticiaram a tragédia com destaque em suas primeiras páginas.

Créditos:

Texto: Francielly Barbosa

Edição: 

Fontes:

FOTOS e relato cronológico relembram incêndio no Edifício Joelma, em São Paulo, que deixou 187 mortos, há 45 anos. Blog do Acervo – O Globo. 2019. Disponível em: https://blogs.oglobo.globo.com/blog-do-acervo/post/relembre-o-incendio-do-edificio-joelma-uma-das-maiores-tragedias-do-pais-completa-45-anos.html. Acesso em: 9 jan. 2023.

MEMÓRIA GLOBO. Incêndio no Edifício Andraus. Memória Globo. 2021. Disponível em: https://memoriaglobo.globo.com/jornalismo/coberturas/incendio-no-edificio-andraus/noticia/incendio-no-edificio-andraus.ghtml. Acesso em: 9 jan. 2023.

MEMÓRIA GLOBO. Incêndio no Edifício Joelma. Memória Globo. 2021. Disponível em: https://memoriaglobo.globo.com/jornalismo/coberturas/incendio-no-edificio-joelma/noticia/incendio-no-edificio-joelma.ghtml. Acesso em: 9 jan. 2023.

Outros links:

EM FOCO: Grandes incêndios no Brasil. Acervo O Globo. c1986-2023. Disponível em: https://acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias/grandes-incendios-no-brasil-9253712. Acesso em: 9 jan. 2023.

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