quinta-feira
21 de abril
1960

 

Folha de S.Paulo
O Estado de S.Paulo
O Globo

Em 21 de abril de 1960, Brasília, a tão sonhada nova capital do Brasil, era inaugurada. A sede administrativa do país passava do Rio de Janeiro para a cidade concebida pelo arquiteto Oscar Niemeyer. A ideia de transferir a capital para o interior do país foi defendida desde o período colonial e já estava prevista na Constituição de 1891, mas só se concretizou no governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961). Tal decisão foi tomada por motivos geopolíticos, como defesa militar e integração entre as regiões brasileiras. Construída em 3 anos e dez meses, tornou-se a  terceira e atual capital da república e ficou marcada até como o acontecimento do século. 

O episódio foi notícia estampada nas primeiras páginas de jornais nacionais e internacionais, como no Diario Clarín, jornal de maior circulação da Argentina. Embora não tenha sido a manchete do dia, o fato ganhou destaque na folha com a chamada “Isso aconteceu ontem” e uma foto do presidente Kubitschek na rampa do novo palácio presidencial respondendo a aclamação da multidão que estava presente. Já os jornais brasileiros O Globo e Última Hora deram a manchete para o grande evento e todas as outras chamadas foram de assuntos que desencadearam do mesmo, como por exemplo, a situação do Rio de Janeiro.

Com a transferência da capital, a cidade maravilhosa foi transformada em estado da Guanabara e passou a ser gerida pelo governador José Sette Câmara. Esse fato também ocupou a primeira página dos dois jornais cariocas. No Globo, a manchete dizia “BRASÍLIA E GUANABARA EMOCIONAM O PAÍS” e a folha ficou bem ilustrada com 6 fotos dos respectivos eventos. Já no Última Hora, a manchete foi exclusiva para o feito de Kubitschek: “BRASÍLIA CONSAGRADA A CAPITAL DO BRASIL A ZERO HORA DE HOJE!” ao lado direito da folha e ao esquerdo estava uma foto do presidente exibindo as chaves de Brasília a multidão. Em cada lado ficou uma coluna nomeada 1 hora Brasília e 1 hora Guanabara. Os dois jornais noticiaram a saudação enviada pelo papa João XXIII pela Rádio Vaticano, o que foi muito importante, já que o catolicismo é a religião predominante no Brasil.

O Globo parecia dialogar mais com o povo carioca em uma forma de consolá-los pela perda do “status” de capital da República. Isso porque, na época, o periódico se aproximava mais das visões conservadoras do partido de oposição UDN (União Democrática Nacional), que eram contrárias à política de Juscelino. Já o Última Hora apoiou a candidatura do presidente e defendeu a proposta de transferência da capital, por isso a manchete foi exclusiva e os outros títulos tiveram um tom mais comemorativo. 

A inauguração do novo centro de decisões políticas do país foi assunto também no dia seguinte nos dois jornais citados acima.. Nas páginas dos jornais brasileiros Brasília era nomeada como cidade da esperança e da desconfiança, ao mesmo tempo. Título do qual não conseguiu se livrar ao longo desses 62 anos.. A cidade construída pelas mãos de gente de todo o país foi comemorada com festas por três dias. 

Créditos: 

Texto:  Kézya Alexandra

Edição: Pedro Aguiar

Fonte:

COSTA, Gilberto. Agência Brasil explica: a transferência da capital para Brasília. Agência Brasil, 20 de abril de 2020. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-04/agencia-brasil-explica-transferencia-da-capital-para-brasilia> acesso em: 18/04/2022

A transferência da capital para Brasília. MultiRio. Disponível em: <http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/estude/historia-do-brasil/rio-de-janeiro/71-um-rio-de-muitos-janeiros/3352-a-transferencia-da-capital-federal-para-brasilia> acesso em: 18/04/2022

SARDINHA, Edson. Na inauguração, Brasília era retratada como com esperança e desconfiança. UOL, 21 de abril de 2014. Disponível em: <https://congressoemfoco.uol.com.br/projeto-bula/reportagem/na-inauguracao-brasilia-era-retratada-entre-esperanca-e-desconfianca/> acesso em: 18/04/2022

 

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