sexta-feira
5 de abril
1968
No dia 4 de abril de 1968 os Estados Unidos perdia um dos maiores líderes do movimento negro do país. O reverendo Martin Luther King Jr. foi assassinado com um tiro, na sacada do quarto do hotel em que estava em Memphis, no Tennessee. Com apenas 39 anos, Luther King já era considerado um símbolo do Movimento pelos Direitos Civis e da luta contra o racismo. O pastor da Igreja Batista foi o autor do discurso conhecido por “I have a dream”(“Eu tenho um sonho”), para 250 mil pessoas em Washington, que viria a se tornar um dos mais marcantes da história. Seu assassino, Earl Ray foi condenado a 100 anos de prisão.
Como o assassinato ocorreu às 18h no horário local, a morte só foi noticiada pelos jornais no dia seguinte, 5 de abril. Nos jornais americanos essa era a manchete do dia; no Brasil, no entanto, o acontecimento não era o principal destaque, mas também aparecia na primeira página.
O jornal Folha de S. Paulo trazia destaque para a declaração do Ministro da Justiça Luís Antônio da Gama e Filho sobre o conflito ocorrido no dia anterior na Candelária entre policiais e estudantes que protestavam contra a morte de Edson Luís de Lima Souto. A notícia sobre a morte de Luther King ocupava apenas 10 linhas na coluna à direita e não trazia imagens.
Já no The New York Times a notícia era dada no topo e dizia “Martin Luther King é morto em Memphis; um branco é suspeito; Johnson pede calma”(traduzido para o português). Toda a primeira página detalha o acontecimento, reações e investigações em curso. À direita vinha uma foto de perfil de Luther King, e os textos ao redor falavam da declaração do presidente, o toque de recolher instalado em Memphis, a violência generalizada em Harlem e Brooklyn e o legado de não-violência deixado pelo pastor.
O Chicago Tribune tem a primeira página inteira dedicada ao assassinato de King. No título diz: “Martin Luther King morto” e abaixo: “Atirador o derruba no Memphis Hotel” e “Johnson adia sua viagem para Honolulu” já causando um impacto e adiantando informações de forma direta. É utilizada a mesma abordagem do The New York Times, trazendo informações sobre o crime, pistas da polícia e o impacto na comunidade negra. Quatro imagens são usadas na composição, em maior destaque a foto do hotel onde o crime ocorreu evidenciando a sacada em que MLK estava; o registro do provável local do assassino; a imagem de Coretta King, abalada após a morte do marido e uma pequena foto de King no canto inferior direito.
A morte brutal de Martin Luther King repercutiu em todo o mundo, devido à sua importância política e ideológica. Mas a maior comoção sem dúvida foi da mídia internacional, principalmente a americana que perdia uma figura emblemática em meio a um momento de intensos debates raciais que o país vivia. Hoje, 54 anos após sua morte, o debate persiste e o legado de Martin Luther King resiste.
Créditos:
Texto: Letícia Simeão
Edição: Pedro Aguiar
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