quarta-feira
18 de abril
1906

Em 18 de abril de 1906, pouco depois das 5h, a cidade de São Francisco, na Califórnia (EUA), sofreu o maior terremoto da história do estado. O fenômeno durou apenas 28 segundos, mas foi o suficiente para destruir 80% da cidade. De acordo com os dados registrados, a chamada falha de San Andreas (fissura geológica que corta a Califórnia) “se rompeu” por cerca de 430km, causando um terremoto de 7,9 graus na escala Richter.

A tragédia em São Francisco não se limitou ao abalo, que foi seguido por um incêndio devastador, provocado pela ruptura das linhas de gás natural e fios da rede elétrica, e demorou dias para ser extinguido. Estima-se que 225 mil pessoas ficaram desabrigadas e # mil morreram – na época, a cidade tinha 400 mil habitantes.

O terremoto foi tão impactante para a cidade que ela só conseguiu ser reconstruída com a ajuda dos próprios moradores. Por isso, o jornal The Call Chronicle Examiner, de São Francisco, dedicou toda a primeira página para a tragédia. A manchete escolhida foi, em tradução livre, “Terremoto e incêndio: São Francisco em ruínas”. E toda a área acima da dobra foi ocupada pelo texto sobre o ocorrido.

Em 1906, os jornais não tinham a mesma “cara” que os de hoje. Além da falta de imagens e cores, a primeira página do The Call Chronicle Examiner não era separada por colunas. Ou seja, o texto era mais comprido e, em comparação com o estilo atual, pode parecer mais cansativo para ler.

A área abaixo da dobra, por sua vez, trouxe cinco chamadas diferentes – todas falando do desastre. Os textos eram menores e mais diretos para tratar de problemas específicos causados pelo terremoto. Além disso, os títulos tinham tipos e tamanhos diferentes para facilitar a distinção entre eles.

Outro jornal que manchetou a tragédia foi o Long Valley Advocate, ainda nos Estados Unidos, mas no estado de Idaho. Na edição de 19 de abril de 1906 – um dia depois do acontecido, quando o terremoto foi divulgado para o mundo – o jornal destacou o principal ponto de atenção do leitor para noticiar o terremoto de São Francisco: o topo, no lado esquerdo.

O jornal escolheu a manchete “Horror em São Francisco” (em tradução livre) e o subtítulo “Terrível terremoto causa imensa perda de vidas e de propriedades – entre 5.000 e 7.000 pessoas morreram” (número revisto posteriormente, mostrando as três mil vítimas). Com ela, tem início o texto sobre a tragédia, muito mais resumido se comparado com o do Examiner. Por isso, apesar do local de destaque na diagramação, a notícia era composta por apenas meia “falsa coluna” (quando uma coluna tem largura diferente do padrão).

Logo abaixo da matéria sobre o terremoto em São Francisco, aparece uma denúncia de um clube e uma matéria sobre um resort. Ao lado, com uma chamada bem grande, aparece um texto de como investir seu dinheiro de forma bem-sucedida na época.

Abaixo da dobra, aparece uma série de publicidades para compra e venda de imóveis, mas sem texto desenvolvendo as chamadas expostas.

Diferente do primeiro jornal analisado, este já tem um layout mais parecido com os jornais atuais. Separado com várias manchetes sobre diferentes assuntos e por colunas.

No Brasil, o jornal O Estado de São Paulo mostrou uma diferença brutal na cobertura. Diferentemente dos outros dois, ele já era dividido por colunas, mas ainda não trazia manchetes. Assim como em outras edições desta época, o jornal separava partes específicas para tratar do café, do câmbio, dos telegramas, do porto e da bolsa de valores. As informações sobre os estados brasileiros ficam entre outras informações do mundo.

Na edição específica do dia 19 de abril de 1906, não foi diferente. As informações sobre os temas citados estavam mais evidenciadas, além de conter mais notícias sobre o território brasileiro. Restou para o terremoto de São Francisco apenas uma nota no canto inferior esquerdo – local de pouca visibilidade em uma primeira página.